-Você é o Gabriel, né? - O senhor sentou-se ao seu lado
-Se você veio até aqui, deve ter certeza de que sou
-Calma meu rapaz, não vim lhe fazer mal, só queria conversar - E olhou para o fundo do abismo
-O que você quer? - Gabriel parecia impaciente
-Olha, eu sei o que você está sentindo...
-Não, não sabe.
-Ah, não importa. - O senhor não tirava os olhos do fundo do abismo
-Lá no fundo...não haveria mais vida, não é mesmo? - Gabriel mudara repentinamente de fisionomia
-Podemos dizer que não - o senhor sorriu
-As outras pessoas não podem te ver, né?
-Ah - o senhor olhou para Gabriel - Todos podem me ver, se quiserem...
-E se algum dia eles quiserem...
-Ah, eles nunca querem...
-Por que você está aqui, afinal? - Gabriel se levantou
-Apenas para conversar, Gabriel Silveira.
-Eu não tenho nada para falar
-Mas eu tenho
-Eu realmente não quero ouvir.
-Gabriel, você acha que pode me ver por que?
-Não sei - E saiu andando
O senhor sorriu. Abriu suas asas, até agora ocultas, e voou na direção do abismo.
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